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As ruas não estão vazias

Por Cláudia Gomes - 11 de abril de 2020

As ruas não estão vazias

Mesmo quietas, paradas e em silêncio
Transeuntes sem máscaras, com pele, com garra passaram ali
Passaram aqui
Alguns
Uma vez,
Outros
Chegaram a morar.
A rua é um todo à nossa volta
É o caminhar e o seguir
É a saída dos loucos, dos certos, dos poetas
Os passos seguem
A marca fica.

As ruas não estão vazias
Têm histórias
Têm passado
Têm presente
Têm memória!

São pés firmes, de passos largos
Ou pés finos, de leve embalo
Mas passaram
E ficaram
Têm vozes no silêncio das ruas
Vozes vozes vozes
Escute-as!

Têm gritos
Gemidos de amor e de dor
Têm sonhos
Construídos, destruídos… As ruas não estão vazias
Tem o sangue derramado
Tem suor
Tem calor
Tem frio
Alegria e cantor!

As ruas
Ah, as ruas
Tanta história para contar
Tanta vida a apresentar
E as janelas se fecham para elas
As portas trincam-se
Onde estão os transeuntes?

As ruas não estão vazias
Tem olhares
que olham o olhar de quem passa sem olhar para mim
sem olhar para as ruas que revelam tantas coisas sobre ti!

As ruas seguem
Não vazias vazias rua
Elas seguem…

 

Cláudia Gomes. Poema publicado em 2018 no livro Catadora de Versos.