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Bahia tem 52 casos de leptospirose em 2024 após fortes chuvas

27 de maio de 2024

Quando uma região enfrenta inundações em decorrência das fortes chuvas, como tem vivido os moradores no Sul do país, outro problema começa a surgir: a leptospirose. Na Bahia não é diferente. Com diversas ocorrências de alagamentos desde o início do ano, o estado já registrou 52 casos da doença infecciosa. Os dados são da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), com registros até a última quinta-feira (23).

Ao todo, 12 municípios tiveram pelo menos um caso. São eles: Salvador (40), Canavieiras (1), Coaraci (1), Cotegipe (1), Feira de Santana (1), Ilhéus (1), Itabuna (1), Itajuípe (1), Jequié (1), Santo Antônio de Jesus (1), Simões Filho (1) e Valença (1). Destes, sete estão no Centro Sul ou Extremo Sul baiano, onde as são chuvas bem distribuídas ao longo do ano

Maior cidade do estado, Salvador tem o maior número de casos. A capital baiana contabilizou sete mortes por leptospirose nestes cinco primeiros meses do ano quando a cidade bateu recordes de pluviosidade em 2024.

Canavieiras e Valença também registraram perdas por conta da doença, uma morte cada.

Apesar dos números, dados registrados até o último dia 6 pela Sesab apontam para uma queda no índice de óbitos e casos de leptospirose na Bahia. Enquanto 2022 teve 107 internações e 25 mortes, antes 90 hospitalizações e 18 óbitos em 2023.

Especialistas apontam que a lama de enchentes tem alto poder infectante, assim como o contato com água desses alagamentos. Traçando um paralelo, foi entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 que o estado foi atingido por fortes chuvas, que deixaram 27 mortos, 523 feridos e 30 mil desabrigados. A projeção é que 1 milhão de pessoas tenham sido atingidas em mais de 72 municípios.

Homens adultos são mais atingidos pela leptospirose

Os dados da Sesab ainda apontam que adultos entre 20 e 34 anos são os mais afetados pela leptospirose. Depois, pessoas entre 35 e 49 anos. Os homens também apresentam mais diagnósticos que as mulheres.

O infectologista e professor da Escola Bahiana de Medicina, Robson Reis, explica que isso acontece porque essa é a faixa etária que tem mais contato com água contaminada, seja pela chuva ou esgoto, logo os adultos têm o maior fator de risco para contaminação. Por outro lado, a partir da contaminação, são os grupos com comorbidade que correm mais riscos de óbito, uma evolução que pode ser evitada.

“Em média, 85% são casos leves, 15% podem ser graves. Os pacientes podem complicar para disfunção renal, arritmia cardíaca e sangramentos pulmonar, pode até ter complicações neurológicas”, alerta. O médico, no entanto, também ressalta que sintomas comuns são dor no corpo, sobretudo na panturrilha, dor de cabeça e febre alta.

A partir do quadro do paciente, o tratamento com antibiótico pode ser em casa ou será necessário internamento. Na Bahia, o Hospital Couto Maia é referência no tratamento de doenças infecciosas e parasitárias. A unidade é especializada no tratamento de doenças como meningite, tétano e leptospirose.

Conforme cartilha do Ministério da Saúde, a leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais – principalmente ratos – infectados pela bactéria Leptospira. A penetração ocorre a partir da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou por meio de mucosas.

O período de incubação pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 e 14 dias após a exposição a situações de risco. Reis alerta que os sintomas podem se confundir com a dengue, por isso, em caso de manifestação dos sintomas e contato com água contaminada, é importante buscar uma unidade de saúde.

“Evitem, na medida do possível, transitar nessas áreas alagadas. Sei que algumas pessoas vão ter que se submeter a isso, mas é importante também não encarar como uma brincadeira. Nadar em áreas empoçadas, tirar foto ali é arriscado”, chama atenção.

Informações Jornal Correio