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Por que escolhi educar sem telas?

19 de setembro de 2021

Talvez você ache absurdo EDUCAR longe das tecnologias e telas, mas essa foi a decisão mais consciente da minha vida.

Como professora, percebo, na prática, os danos que as Telas causam aos alunos: baixa concentração e privação de sono que comprometem a aprendizagem, crise de ansiedade e depressão. As Telas não favorecem nem uma rotina estruturada, nem a construção de bons hábitos (atenção, pontualidade, ordem), e virtudes. Quem já disse aos pais ou ouviu dos filhos: ”Já vou, deixa terminar essa fase do jogo ou o desenho”?

Bem, o que me impactou mesmo foi conhecer as obras “Educar na Curiosidade” e “Educar na Realidade” de Catherine L’ Ecuyer! A autora relata estudos que comprovam: o excesso de estímulos provocados pelas Telas tem um impacto negativo na formação do cérebro da criança.

O médico e pesquisador Dimitri Christakis diz que o cérebro de uma criança se desenvolve em tempo real e quando informações ou experiências aceleram – e aqui entram as Telas -, o cérebro não consegue acompanhar e sobrecarregado, a concentração diminui.

A crença é que quanto mais estímulo sensorial melhor e não oferecer os dispositivos significa deixar seu filho à margem da “globalização”. Será?

Quando soube que Steve Jobs, em 1996, afirmou que trocaria toda a sua tecnologia por uma tarde com Sócrates fiquei muito reflexiva! E os filhos de Bill Gates: só tiveram o primeiro celular aos 14 anos e, mesmo assim, não era permitido o uso durante as refeições e perto do horário de dormir. Por que será que os detentores da tecnologia não deixaram que os seus filhos bebessem da própria fonte?

O fato é que as Telas impedem o desenvolvimento do lócus interno, a capacidade de motivar-se por si mesma e podem bloquear algo que é inato à criança, a CURIOSIDADE, conforme defende a Catherine L’Cuyer. A criança não consegue viver a realidade, não tem oportunidade para lidar com as frustrações. Ela precisa de um ambiente que a respeite, que a deixe explorar o mundo como pequenos cientistas.

Ah, é muito desafiador! Criar sem Telas não quer dizer que minha filha não terá jamais acesso, entretanto, agora não! Em alguns espaços ela já viu esporadicamente. Aqui em casa não uso. Redireciono sempre! A tela, na verdade, é uma necessidade do adulto e não da criança. Quando você faz escolha por NÃO USAR TELAS, a criança vai solicitar da parte dos pais mais atenção e disponibilidade de modo que certamente você ficará mais exausto física e emocionalmente falando. Eu e Thomaz, meu marido, que lutemos…

Texto de Sisia Carneiro
Professora, Educadora Parental em Disciplina Positiva pela PDA e Consultora Materno infantil.