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Quando o amor cura

5 de agosto de 2019

Sei que ando um pouco sumida aqui no Portal Viver Mais, confesso que nos últimos meses esta ausência tem me angustiado e a sensação que tenho é de que sempre está faltando alguma coisa, apesar de toda correria e afazeres diários. A roda da vida está girando tão rápido que quando vejo o tempo já foi. Mas, quero me comprometer em estar mais perto de vocês a partir de agora.
Enfim, desde ontem estou querendo dividir com vocês algo que tem tudo a ver com a ideologia do nosso site. Comecei a escrever esse post após um dia cheio de atividades e eu já estava assumindo a dupla, ou será a tripla, jornada? Início da noite, enquanto digito algumas palavras,  paro para dar banho em minha filha de três anos, e escuto a outra de seis anos gritar do outro banheiro: – MÃE TERMINEI ! Vocês já imaginam não é? (rs)
Retomando … o post de hoje é sobre o quanto o amor interfere ou pode interferir na recuperação de um paciente, não importa o quão grave ele esteja. Estou falando de Admilson Santana Santos, 44 anos, que ficou tetraplégico após quebrar a coluna em uma cama elástica. O acidente ocorreu quando ele festejava o aniversário de um ano da filha, em abril de 2017. Nos últimos 10 meses ele ficou internado no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana, Bahia, onde sofreu mais de 20 paradas cardiorrespiratórias, resistiu, lutou pela vida e hoje está de volta ao convívio familiar.
 O caso de Admilson chamou minha atenção por vários motivos, um deles é de que eu tive a mesma “ideia” dele. Eu também resolvi brincar no pula-pula que aluguei no primeiro aninho de minha filha Maria Luísa. Felizmente minha história teve um final diferente. Então, que isso sirva de alerta, para que tenhamos mais cuidado.
A história desse rapaz, a luta dele e da esposa pela vida, o amor de toda a família em torno deste caso, é simplesmente extraordinário. Esta semana acompanhei à desospitalização ( como assessora de imprensa do HGCA e também como membro do Grupo de Humanizaçao do hospital) e pude ver que enquanto há vida há esperança e que o amor e a dedicação curam.
Admilson que era vaqueiro, acostumado à liberdade do campo, passou os últimos meses morando em um hospital. Sua esposa e sua família nunca o abandonaram. Ele acompanhou à distância o crescimento da filha. Foram poucos os momentos que ele pode ter contato com a criança. Mas, acredito que o amor incondicional o fez vencer todas as barreiras impostas pelas limitações provenientes do acidente.
Apesar de todas as dificuldades, a esposa nunca desistiu dele. “Posso dizer que hoje é um dos dias mais felizes dos últimos meses. Meu esposo está na melhor fase, respira sem a ajuda de aparelhos. Ele está muito feliz. Sempre tive fé de que ele iria voltar para casa, conviver conosco, fora do hospital, com nossa filha, isso só Deus faz”, este foi o depoimento de Maria Márcia do Conselho Santos (esposa).
Muito emocionado, com um sorriso no rosto e um semblante de satisfação, foi dessa forma que Admilson saiu da Estabilização do HGCA e foi surpreendido pela comemoração promovida pelo Grupo de Trabalho Humanizado (GTH/HGCA), em parceria com o grupo Curarte, grupo musical formado por artistas de Feira de Santana. Eles levaram música, alegria, balões e mensagens de otimismo para festejar a ida do paciente para casa.
Os desafios para Admilson ainda serão muitos.
 Segundo Dra. Renata Nunes, médica intensivista, durante o período de internamento Admilson teve momentos de respirar somente com a ajuda de aparelhos, e agora o quadro clínico se estabilizou. “Estamos muito felizes com a saída dele aqui do hospital, entendemos que o propósito da desospitalização destes pacientes que passam longa permanência no hospital é justamente este, permitir que eles voltem ao seio de suas famílias, que não sejam moradores do hospital, pois unidade hospitalar não é lugar para se morar, é lugar para ser assistido e voltar para casa, para continuar sua vida”, afirmou Dra. Renata. Respirar sozinho é uma vitória para este homem e o amor de sua família é o melhor remédio para sua recuperação.
O Programa de Assistência Domiciliar do Governo do Estado, gerenciado pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS), irá acompanhar o paciente. Uma equipe formada por 11 profissionais (médico, enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudiólogo, assistente social e técnicos de enfermagem) dará todo o suporte necessário a Admilson em casa pelo tempo que for necessário.
Sobre o acidente
 

O acidente de Admilson foi divulgado pela imprensa baiana e até nacional, através do programa da rede Globo Bem Estar, que usou o caso dele como exemplo para matérias sobre o risco de acidentes em cama elástica. O momento do acidente do vaqueiro foi filmado pela família. Nas imagens, Admilson estava no pula-pula, quando tenta dar uma cambalhota, cai com a cabeça para baixo e sofre fraturas na coluna. Ele já cai no pula-pula paralisado. O acidente foi durante a comemoração do aniversario de 1 ano da filha do vaqueiro.