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Importa o conteúdo ou a aparência da xícara?

Por Prof.a Rute Paranhos Silva Mendes (UEFS-SEC) - 6 de fevereiro de 2020

Somos feitos de sentimentos e emoções que, inevitavelmente, refletem e colaboram com o nosso comportamento, nossas atitudes e decisões tomadas. Hoje, nosso post nos foi ofertado pela professora da Universidade Estadual de Feira de Santana e do Instituto de Educação Gastao Guimarães, Rute Paranhos, e nos faz pensar sobre o que de melhor temos para “derramarmos” entre aqueles e aquelas que nos cercam. Rute aproveitou o início do ano letivo 2020 para refletir sobre a necessidade de melhor escolhermos o que vamos deixar transbordar das nossas “xícaras” nas nossas salas de aula, mas creio que a metáfora deve ser levada para nossa casa, escritórios, clínicas, academias, parques, enfim, por onde passarmos. Vale muito a pena a leitura da metáfora e da reflexão feita pela professora. Melhor ainda, vale muito a pena sair de casa todas as manhãs ou tardes ou noites nos perguntando: de que está cheia a minha xícara? Vamos à leitura:

Em 07 de janeiro, recebi um texto sem título e sem autoria, mas com um conteúdo que julguei muito interessante e provocador de reflexão.

Eis o texto:

  “ Tu vais andando com a tua xícara de café… E de repente alguém te empurra fazendo com que tu derrames café por todo o lado.

– Por que tu derramaste o café? – Porque alguém me empurrou!

Resposta errada!

Derramaste o café porque tu tinhas café na caneca.

Se tu tivesses chá… Tu terias derramado chá.

O que tu tiveres na xícara é o que vai se derramar.

Portanto… Quando a vida te sacode o que tiveres dentro de ti… Tu vais derramar.

Tu podes ir pela vida fingindo que a tua caneca é cheia de virtudes, mas quando a vida te empurrar, tu vais derramar o que na verdade existir no teu interior.

Sempre sai a verdade à luz.

Então, terás que perguntar a si mesmo. O que há na minha caneca? Quando a vida ficar difícil… O que eu vou derramar?

Alegria… Agradecimento… Paz… Bondade… Humildade?

Ou bronca… Amargura… Palavras ou reações duras? Tu escolhes!

 

Agora… Trabalha em encher a tua caneca com gratidão… Perdão… Alegria… Palavras positivas e amáveis… Generosidade… E amor para os outros.

O que estiver na tua caneca, tu és o responsável.

E olha que a vida sacode.

Sacode mais vezes do que podemos imaginar…” (Autor Desconhecido)

Tendo lido, já comecei a pensar no ano letivo 2020 que estava prestes a iniciar, a recordar o ambiente escolar – constituído por vários segmentos: gestores, professores, alunos, funcionários, prestadores de serviço – pessoas diversas, ímpares, singulares …

Então, o imaginário me levou à metáfora da escola cheia de xícaras ou canecas sujeitas a caírem acidentalmente ou a serem, ao menor toque, empurradas intencionalmente. Acabei decidindo que esse texto seria selecionado para reflexão em minha primeira aula do novo ano.

De que estamos cheios? O que temos a derramar neste ano letivo?

– Cortesia, afetividade, compreensão, incentivo … Virtudes ou defeitos?

Dentro das escolas, bem como em outros espaços, estamos sujeitos a bons e maus momentos, sabores e dissabores, enchendo ou derramando as xícaras.

Com base em experiência de ensino na Educação Básica e na Universidade – com olhos atentos aos indivíduos, vejo que tem jorrado, em nosso ambiente de trabalho e fora dele, depressão, estresse e ansiedade.

Em situação de fala em 2019, o psicólogo Kleber Fialho definiu depressão como excesso de passado; estresse como excesso de presente e ansiedade como excesso de futuro. As xícaras têm derramado ou transbordado esses excessos. É dito que “o que sobra derrama…”

O grau de adoecimento tem-se elevado no âmbito educacional, não selecionando o segmento da comunidade escolar ou acadêmica, porém atingindo muitas pessoas simultaneamente, afastando-as do espaço que fez parte de seus sonhos.

A questão crucial é: O que cairá das xícaras ou canecas ao longo de 2020?

Aqui a intenção não é fazer uso de futurologia, mas refletir sobre a importância de selecionar os conteúdos com os quais encheremos nossas xícaras para que o derramar delas não suje, não manche, não afete negativamente as pessoas, os relacionamentos.

Por mais bela que seja a xícara, é o seu conteúdo (chá, café, leite) que será ingerido ou derramado trazendo consequências boas ou ruins.

Portanto, eu preciso zelar pelo conteúdo da minha xícara para que, quando me empurrarem, ou se ela simplesmente cair, exale um cheiro de vida, ânimo, contentamento, esperança que motive a todos e todas.

O que há em sua xícara?

 

 

Prof.a Rute Paranhos Silva Mendes (UEFS-SEC)