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Tumor no esôfago: entenda o quadro de José Mujica

29 de abril de 2024

Foto: 3d rendered medically accurate illustration of esophagus cancer

O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, de 88 anos, anunciou nesta segunda-feira (29) que está com um tumor no esôfago. Segundo Mujica, o órgão está “muito comprometido”.

Ele não deixou claro, porém, se o tumor é benigno ou maligno (câncer).

“Tenho que informar a vocês que, na última sexta-feira, ao fazer um check-up, descobriu-se que tenho um tumor no esôfago, que é algo muito comprometido”, disse Mujica.

O esôfago é um tubo que vai da garganta ao estômago. Entenda mais sobre o órgão abaixo e sobre o câncer de esôfago.

O que é o esôfago?

O Ministério da Saúde explica que quando mastigamos, a comida desce pela garganta e passa pelo esôfago, um tubo que vai pelo peito na frente da coluna vertebral, até chegar ao estômago, que está na barriga.

Entre o esôfago e o estômago, há uma válvula que abre para deixar a comida passar e fecha imediatamente para impedir que o suco do estômago entre no esôfago.

Em resumo, o órgão facilita a passagem de comida e líquidos da boca e garganta para o estômago. Também ajuda a expelir conteúdo do estômago pela boca em casos de vômito e arrotos.

O que é um tumor no esôfago?

Felipe Coimbra, líder do Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo Alto do A.C.Camargo Cancer Center, explica que um tumor no esôfago é um crescimento anormal de células que se formam no órgão.

“Este tumor pode ser benigno, o que significa que não é cancerígeno e não se espalha para outras partes do corpo, ou maligno, o que indica que é cancerígeno e pode invadir tecidos próximos ou se espalhar para outras áreas”, diz ele.

O que é o câncer de esôfago?

Segundo o NHS, o serviço de saúde britânico, o câncer do esôfago é um tipo de câncer encontrado em qualquer parte do esôfago, que também é conhecido como tubo digestivo.

A gravidade desse câncer depende de onde está localizado no esôfago, do seu tamanho, se ele se espalhou e da saúde geral do paciente.

“Existem dois tipos principais: o carcinoma de células escamosas, que geralmente ocorre na parte superior do esôfago, e o adenocarcinoma, que é mais comum na parte inferior do esôfago”, detalha Coimbra.

No Brasil, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de esôfago é mais comum entre homens, ocupando o sexto lugar em incidência, e o 15º entre as mulheres, excluindo o câncer de pele não melanoma. Globalmente, é o oitavo câncer mais comum, afetando homens cerca de duas vezes mais que mulheres.

Quais os sintomas de câncer de esôfago?

Ainda de acordo com o NHS, existem vários sintomas possíveis do câncer esofágico, mas eles podem ser difíceis de identificar.

Eles podem afetar a digestão e causar:

  • dificuldade para engolir (disfagia)
  • sensação ou ato de vomitar
  • azia ou refluxo ácido
  • sintomas de indigestão, como arrotar frequentemente

Outros sintomas incluem:

  • uma tosse que não melhora
  • voz rouca
  • perda de apetite ou emagrecimento sem tentativa de fazê-lo
  • sensação de cansaço ou falta de energia
  • dor na garganta ou no meio do peito, especialmente ao engolir
  • fezes pretas ou tossir sangue (embora esses sintomas sejam raros)

Quais são os fatores de risco?

Ainda de acordo com o Inca, alguns fatores aumentam o risco de câncer de esôfago. Eles incluem:

  • O conusmo de bebidas muito quentes
  • O consumo excessivo de álcool
  • Excesso de peso e refluxo
  • Tabagismo.
  • Histórico de outros cânceres
  • Condições médicas como esôfago de Barrett (crescimento anormal de células do tipo colunar para dentro do esôfago)
  • Exposição a substâncias químicas da construção civil, de carvão e de metal, vapores de combustíveis fósseis, óleo mineral, herbicidas, entre outras

E como é feito o tratamento do câncer?

Ainda segundo o Inca, o tratamento do câncer de esôfago varia de acordo com o estágio da doença e a condição do paciente.

Ele pode envolver cirurgia, radioterapia e quimioterapia, isoladamente ou em combinação.

“A cirurgia é uma opção comum, e a principal opção curativa, quando possível, que pode envolver a remoção do tumor ou de parte do esôfago. A quimioterapia e a radioterapia também são muito utilizadas, seja como tratamento principal, para reduzir o tumor antes da cirurgia, ou após a cirurgia para eliminar quaisquer células cancerígenas remanescentes”, explica Coimbra.

Em casos iniciais, a remoção do tumor pode ser feita durante a endoscopia. Para a cura, é comum começar com quimioterapia e radioterapia, seguidas pela cirurgia.

Em estágios avançados ou para pacientes frágeis, o tratamento é principalmente paliativo, usando radioterapia, quimioterapia ou ambos. Opções de cuidados paliativos incluem dilatações endoscópicas, próteses para alargar o esôfago e braquiterapia.

Com informações do G1